imagem tirada da net
Aquário
Sentados,
em exíguo espaço de sofá exclusivo
mirando o passado e a vida a extinguir-se
meditam, de olhos fechados
em nada pasmados
sem abrir o olhar
São peixes cinzentos daquele aquário
perderam o brilho e a cor tropicais
Comer e dormir
enquanto respiram
a mais nada aspiram
nas vidas banais
Os filhos cresceram, fugiram, fruíram
repetem no ninho suas novidades
Os pais já morreram e também partiram
no ciclo da roda, que engrena a idade
Cumpriram missão e tudo correu
foi um vendaval
de anos sem contagem,
Só recordações
e escuro breu
se vê na falésia
onde havia coragem
O corpo pesado não sai do lugar,
as pernas caducas de tantas passadas,
nas mãos as artroses que dão nós nos dedos
e atam segredos
com sangue de aragem
Meus velhos, meus sábios que pouco enxergamos
na cegueira voraz que a pressa consome
Que é do respeito, da calma, da paz
que só em morrendo, se deseja ao homem?
02/01/2010
Mavilde Lobo Costa
. Aquário