Domingo, 26 de Agosto de 2007
Sei que não estás
Sei que por cá não estás.
Mas minha vontade jaz
aqui, à tua procura.
Talvez te encontre na areia,
nalgum cantar de sereia,
num poema de ternura.
Sei do compasso do tempo,
das estrelas ao relento,
do tempo da ditadura.
Mas inda assim ,aqui venho,
dentro dum barco de lenho
no meu olhar de água pura...
26/08/07
CarmenZita
(In Para Sempre)
música: Zeca Afonso... Tenho barcos, tenho remos
sinto-me: nostalgica
Terça-feira, 21 de Agosto de 2007
Parabéns, filhota Catarina!
Olhar de esperança
Tinha olhos verdes meu pai,
Que de minha avó herdou.
Minha filha, a eles sai,
Mas mais cores lhes misturou.
Se o dia estiver nublado,
Seu olhar fica cinzento
Muito triste, enevoado
Reflectindo o firmamento.
Quando o céu está azul
Seus olhos tomam-lhe a cor,
São o Cruzeiro do Sul,
Faróis de navegador!
Mas se ela os perde no mar,
Já não distingo o verde.
São esperança em seu olhar,
Ou água da minha sede?
CarmenZita
música: Feiticeira...Luis Represas
sinto-me: Mãe
Quinta-feira, 9 de Agosto de 2007
Fuga
Vou regressar para a concha
fugir do mundo abismo
Serei pérola na onda
devotada ao ostracismo.
Vou regressar para o mar
liquefazer-me em espuma.
Serei estrela, ou luar,
raiar de coisa nenhuma...
Vou regressar para a terra
começar a gestação
Serei semente que berra
num ventre que lhe diz, não!
Vou regressar, ser vapor
em nuvem reproduzido
Serei a chuva incolor
dum vento já ressequido.
Vou pra Norte, vou pra Sul,
vou pras terras de ninguém
Serei pássaro azul,
nos braços da terra mãe!...
Vou esquecer tudo o que dói
e quem se esquece de mim
A água a bater destrói
sedimentos de marfim.
Nos voos que vou fazendo
libertarei as amarras
Nós tecidos vou rompendo
em choro e som de guitarras…
20/04/07
CarmenZita
(In Raízes D’Ouro)
sinto-me: em mini-férias
música: O Pássaro de fogo...Stravinski
Segunda-feira, 6 de Agosto de 2007
Zambujeira do mar
Na Zambujeira do mar
praia, em fatias de lousa.
Eleva-se a desaguar
numa beleza sem par
o olhar, quando repousa…
Águas limpas, escumadas
como champanhe, mais fino;
Rebentam ondas crispadas,
outras mais adocicadas,
numa flor de sal albino…
Rochas negras fazem molhe,
cortadas em rectas linhas;
Lar que as algas acolhe.
E o mar, a fúria tolhe,
nos mexilhões e lapinhas…
Areias finas, macias
aonde a prata se espraia.
Contrafortes! Ousadias!
Sonhos de amor, alquimías!
Tem coração de atalaia…
09/06/07
CarmenZita
(In Para sempre…)
música: O sertão vai virar mar, lá no coração...
sinto-me: pensativa...